Texto com colaboração de Jade Knorre e Priscila Yamany
Em meio a tantas paisagens urbanas, históricas e naturais, muitos lugares incríveis no Brasil continuam desconhecidos do grande público e são eventualmente redutos apenas do turismo regional. Seja pela dificuldade de acesso ou somente pela falta de informação, muitos destinos em nosso país seguem inexplorados.
De cidades litorâneas a cidades serranas, de cachoeiras a piscinas naturais, listamos aqui oito destinos brasileiros maravilhosos e inusitados que você ainda precisa conhecer. Olha só!
1. Alter do Chão – PA
Graças ao tom claro das águas do Rio Tapajós, Alter do Chão, no Pará, é considerada uma das praias de rio mais bonitas do Brasil. O destino ainda se mantém longe do turismo de massa e recebe muito mais turistas estrangeiros do que brasileiros.
As praias de Alter do Chão, em especial a famosa Ilha do Amor, um braço que se estende água adentro, surgem apenas na época de baixa do rio, isto é, entre agosto e janeiro.
Mas o destino oferece outros atrativos, como apreciar o encontro das águas, entre os rios Tapajós e Amazonas; conhecer a Floresta Nacional do Tapajós e suas comunidades ribeirinhas; e explorar o Lago Verde, notório pela mata de igapó, vegetação característica da Amazônia.
A apenas 35 km está Santarém, cidade com aeroporto que recebe os viajantes de todos os cantos do mundo. Reserve pelo menos uma semana para desbravar todas as atrações de Alter do Chão e Santarém e encante-se pela região.
2. Conceição do Ibitipoca – MG
O distrito de Conceição do Ibitipoca, pertencente à cidade de Lima Duarte, bem que poderia estar perdido em meio à Zona da Mata mineira. No entanto, graças à proximidade com o Parque Estadual do Ibitipoca, o vilarejo de pouco mais de 1.000 habitantes assumiu uma importância significativa entre os apaixonados por ecoturismo.
As cachoeiras, grutas e riachos do Parque do Ibitipoca podem ser conhecidas a partir de três circuitos predefinidos: Roteiro das Águas (5 km ida e volta), cujos destaques são a Ponte de Pedra e a Cachoeira dos Macacos; Roteiro Pico do Pião (11 km), que permite a contemplação de grutas e das ruínas de uma antiga capela; e Roteiro Janela do Céu (16 km), onde se avista as duas principais cachoeiras do parque, Janela do Céu e Cachoeirinha.
3. Garanhuns – PE
É até difícil acreditar que, em pleno agreste nordestino, exista uma cidade onde as temperaturas possam chegar a 10°C no inverno. Mas esse local existe e atende pelo nome de Garanhuns. A 230 km do Recife, em Pernambuco, a cidade está cercada por colinas e a 840 metros acima do nível do mar, o que justifica o clima atípico.
Ao mesmo tempo, em que a “Suíça Pernambucana” tem atrações comuns, como parques e igrejas, também oferece passeios curiosos, como ao Castelo de João Capão, erguido por um trabalhador que sonhava habitar uma construção de ares medievais, e outros históricos, como ao Povoado de Castainho, uma comunidade negra remanescente do Quilombo dos Palmares.
E em termos de atrativos culturais, nada vence o Festival de Inverno de Garanhuns, que ocorre anualmente, em julho, e atrai milhares de visitantes à cidade.
4. Piscinas naturais da Barra da Lagoa – SC
Florianópolis abriga uma quantidade significativa de praias (de acordo com seus moradores, são mais de 100!), que variam bastante em estilo, desde as indicadas para a prática de surf, àquelas alcançadas somente por trilha.
O que talvez pouca gente saiba é que na Barra da Lagoa, a 20 km do Centro, é possível conhecer e banhar-se em águas que, devido ao seu tom cristalino, são chamadas de piscinas naturais.
A partir da ponte pênsil, seguindo pela Prainha da Lagoa, são 20 minutos de caminhada até chegar às piscinas naturais da Barra da Lagoa, um conjunto de pedras de onde é possível pular e curtir um belo banho de mar.
Mas atenção, quem não sabe nadar deve evitar o mergulho, já que a profundidade mínima aqui é de 2 metros. Mas apenas contemplar a vista da extensa faixa de areia da praia vizinha, Moçambique, já faz o passeio valer a pena.
5. Poço Azul – MA
No sul do Maranhão, na região do Parque Nacional da Chapada das Mesas, estão inúmeras cachoeiras belíssimas que certamente farão valer a pena o deslocamento até aqui – os aeroportos mais próximos, em Araguaína (TO) e Imperatriz (MA), estão a 150 km e 215 km, respectivamente.
Dentre os atrativos, um dos mais bonitos é o Poço Azul, localizado nas imediações do município de Riachão, um complexo formado por cinco cachoeiras.
A mais famosa, justamente a que dá nome ao local, é uma piscina natural de água azul incrivelmente cristalina, convidativa para um belo e refrescante banho. No mesmo complexo ainda é possível conhecer a Cachoeira de Santa Bárbara, com uma queda de 70 metros de altura, a mais alta da Chapada das Mesas.
6. Praia de Tambaba – PB
É provável que muita gente já tenha ouvido falar na Praia de Tambaba, mas não tenha tido coragem de vir explorá-la. Localizada no litoral sul da Paraíba, a cerca de 40 km de João Pessoa, Tambaba é conhecida como a primeira praia naturista do Nordeste e, aqui, entrar de roupa é expressamente proibido.
A praia é dividida em duas partes: a primeira, uma inexpressiva faixa de areia com pedras e piscinas naturais, onde todos devem estar vestidos, e a segunda, a de prática naturista, protegida por falésias e densa vegetação.
Para acessar o trecho mais famoso, é preciso passar por um pequeno ponto de fiscalização e se despir. Nem pense em tentar “dar uma espiadinha”, curiosos vestidos não têm vez aqui.
7. Praia do Gunga – AL
Um pontal margeado de um lado pela Lagoa do Roteiro e do outro pelo Oceano Atlântico, com uma extensa faixa de areia e centenas de coqueiros ao fundo – assim pode ser definida a Praia do Gunga, localizada em Barra de São Miguel, a 43 km de Maceió, uma das praias mais famosas do Alagoas.
As dezenas de barcos que aportam aqui todos os dias, logo no começo da manhã, deixam os turistas em uma parte movimentada, com quiosques, cadeiras e guarda-sóis. Quem quiser menos agito, deve se aventurar por sua mais porção mais ao sul, alcançável a pé ou de buggy – e encontrará um cenário de inúmeros coqueiros, deserto, e, um pouco adiante, impressionantes falésias à beira-mar.
8. Urubici – SC
Basta chegar o inverno para que Urubici, na Serra Catarinense, a 170 km de Florianópolis, seja notícia no Brasil todo – e por um único e simples motivo, o frio. Aqui, temperaturas abaixo de zero, geada e neve são relativamente comuns, por isso é considerada uma cidade perfeita para visitar no inverno.
Mais do que apenas sentir frio, uma visita a Urubici permite conhecer uma boa gama de atrativos naturais, como o Morro da Igreja, que, de seu ponto mais alto, a 1.822 metros de altitude, se avista a Pedra Furada, um curioso rochedo com um buraco no meio; a Cascata do Avencal, com 100 metros de queda livre que possibilita a prática de esportes radicais, como rapel e tirolesa; e a Serra do Corvo Branco, estrada que desce vertiginosamente a serra catarinense e, num determinado trecho, é ladeada por dois imensos paredões de 90 metros de altura.
9. Anavilhanas – AM
Um labirinto verde de floresta amazônica, entrecortado pela cor escura dos braços do Rio Negro: assim é o belo arquipélago fluvial de Anavilhanas, localizado no Amazonas, entre os municípios de Manaus e Nova Airão.
A região está sob proteção do Parque Nacional de Anavilhanas que, além de preservar a floresta, incentiva a pesquisa científica e o turismo sustentável na região. Aqui, você pode percorrer trilhas por entre a floresta amazônica, passear de barco, mergulhar com os botos e conhecer comunidades ribeirinhas.
Entre setembro e fevereiro, época seca, espere encontrar belas praias que emergem no leito do rio, já entre março e agosto, época chuvosa, é possível percorrer as trilhas por entre a floresta alagada a bordo de um barquinho. O ponto de chegada é a cidade de Novo Airão, acessível de barco ou ônibus, a partir de Manaus.
10. Ilha de Algodoal – PA
Mais um destino amazônico pouco conhecido e incomum nos roteiros brasileiros de outras regiões do país: a Ilha do Algodoal. Localizada no noroeste do Pará, Algodoal encanta por sua tranquilidade e pelas belezas naturais que abriga. A vila conta com pousadinhas rústicas e simples, e nas ruas de chão batido o colorido fica por conta das charretes, único meio de transporte usado na Ilha.
Para curtir o lugar, é possível passear pelos mangues, andar de canoa ou fazer trilhas ecológicas. As praias são belíssimas também, e a Praia da Princesa é uma das mais conhecidas. Na época da cheia, formam-se várias lagoas de água doce entre as dunas da praia, um espetáculo à parte. À noite, sempre há alguma uma festinha com músicas e ritmos brasileiros.
É mais fácil chegar até aqui a partir de Belém, de onde se pega uma estrada (181 km) até Marudá. No Porto de Marudá saem os barcos para Ilha do Algodoal (trajeto de aproximadamente 40 minutos).
11. Cânion do rio Poty – PI
O Cânion do Rio Poti é a grande estrela turística de Buriti dos Montes, uma cidade pequena, onde vivem pouco mais de 7 mil habitantes. Localizado entre os estados do Piauí e do Ceará, o Cânion do rio Poty é um local pouco visitado, onde o turismo ainda é incipiente.
Os paredões de rocha que acompanham o rio têm até 60 metros de altura e foram moldados durante milhares de anos pela correnteza, criando cavernas e dando formatos incríveis para as pedras.
Durante a temporada de chuva, cachoeiras se formam ao longo dos paredões de pedra, o que renova a paisagem. As atividades incluem passeios de barco, rapel, escalada, trilhas, slackline e waterline.
Em função de toda a riqueza paleontológica do local, está sendo estudada a possibilidade de criação de dois parques nacionais nessa região.
12. Monte Roraima – RR
Um dos lugares mais exóticos, místicos e misteriosos da América Latina está localizado exatamente na tríplice fronteira entre Brasil, Guiana e Venezuela. Com 2.875 metros de altitude, o Monte Roraima é um formação rochosa milenar conhecida como tepui, ou seja, um monte no formato de mesa, típico da savana venezuelana.
Para conhecer o Monte, é preciso gostar de aventura e estar aberto a experiências na natureza, pois a escalada exige foco para encarar temperaturas que variam dos 5°C aos 35°C e para montar acampamentos em lugares selvagens. A paisagem é de tirar o fôlego, e as cachoeiras, rios, vegetação e esculturas naturais nas pedras surpreendem os viajantes.
A melhor época para explorar a região é na estação de seca, de setembro a março. Este trekking só é permitido com auxílio de guias! Você pode escolher uma agência de turismo em Boa Vista, do lado brasileiro, ou em Santa Helena de Uairém, do lado venezuelano.
13. Pancas – ES
A 180 km de Vitória, fica este paraíso do turismo de aventura e das belas paisagens: a cidade de Pancas. Conhecida principalmente por ser porta de entrada para o Monumento Natural dos Pontões Capixabas, a cidadezinha é cercada por montes e montanhas com os mais curiosos e variados formatos.
Aqui você encontra rampas de voo livre, trilhas, cachoeiras e inúmeras atividades de ecoturismo e turismo de aventura. A cada passeio, uma paisagem diferente se revela para os visitantes.
Não deixe de conhecer a Rampa de Voo Livre Clementino Izoton, conhecida também como Rampa da Colina; e os “mirantes” da Pedra do Camelo, cartão-postal da cidade; Pedra da Agulha; Pedra do Leitão; e Pedra da Gaveta.
14. Parque Estadual De Vila Velha – PR
O Parque, conhecido por ser o principal atrativo natural da cidade de Ponta Grossa, está localizado na região dos Campos Gerais do Paraná, a 92 km de Curitiba. A reserva protege fauna e flora nativas e tem formações rochosas surpreendentes!
O Parque de Vila Velha conta com três áreas de visitação: os Arenitos, formações rochosas peculiares em formatos de taça (como o da foto), camelo, etc.; as Furnas, grandes crateras com água no fundo (provenientes de um lençol freático), que lembram os cenotes mexicanos; e a Lagoa Dourada, cujas águas se tornam douradas nos finais de tarde.
É necessário pagar cerca de R$ 18 para entrar nas três atrações. As trilhas são de nível fácil e é obrigatório ter acompanhamento de guia do parque. A visitação acontece todos os dias, das 8h às 15h30, exceto nas terças-feiras.
15. Piscinas Naturais de Picãozinho – PB
O passeio até Picãozinho ou Areia Vermelha, em Cabedelo, pertinho de João Pessoa, só é possível durante as marés baixas, quando bancos de areia se formam em alto mar. A duração do passeio é bem limitada, já que a certa hora do dia, a água começa a subir, fazendo com que todos embarquem de volta para a costa.
Enquanto é possível andar pela areia e mergulhar, impossível não se fascinar com as condições desta incrível experiência. As piscinas naturais e os arrecifes ficam a 15 minutos de barco da faixa de areia e durante o trajeto, é possível observar quão profundo é o mar.
Depois de chegar ao local, pisar na areia e avistar a cidade lá longe garante uma sensação de isolamento, mesmo com o grande número de barcos e vendedores ambulantes andando por ali. Quando a água começa a subir, o visitante lembra que terá de voltar para a praia e deixar toda a magia vivida para trás. A vontade de voltar é praticamente irresistível.
16. Nova Petrópolis – RS
Alguns títulos ajudam a definir a essência desta cidadezinha do Rio Grande do Sul. Conhecida como Jardim da Serra Gaúcha, Nova Petrópolis é toda florida, com canteiros coloridos e jardins que parecem decorar cada metro quadrado do município.
A cidade é referenciada ainda como a terra do café colonial, alcunha que indica as delícias gastronômicas que devem fazer parte do roteiro dos visitantes que voltam para casa sempre com um gostinho de quero mais.
Muito mais que admirar construções charmosas, relaxar em ótimos hotéis da Serra Gaúcha e saborear a culinária tipicamente alemã, ali é possível ainda conhecer a Aldeia do Imigrante, um parque muito bonito e arborizado, com uma aldeia histórica, que remonta o início da colonização alemã, e o labirinto verde, todo feito de pinheiros — chegar ao centro do labirinto e depois conseguir sair, é para poucos!
17. Cavalcante – GO
Cavalcante é uma das cidades que faz parte da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Além de ser cercado pelo parque nacional, o destino fica dentro Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga, um santuário ecológico formado por paisagens que variam entre cânions, cachoeiras e serras de beleza única.
Ali, os principais cartões postais são a Cachoeira Santa Bárbara e as cascatas do Rio da Prata (foto). De volta à cidade, que abriga menos de dez mil habitantes, pousadas e casinhas rústicas recepcionam os visitantes.
18. Barcelos – AM
História e muito contato com a natureza são os principais protagonistas do roteiro de qualquer viajante que decide desbravar Barcelos. A cidade amazonense abriga a Cachoeira do El Dourado, a maior em queda livre no Brasil, com mais de 400 metros de altura.
Outros atrativos naturais da cidade são o Parque Nacional do Jaú, quarta maior reserva florestal do país, e o Abismo Guy Collet, considerada a caverna mais profunda encontrada em território brasileiro. Dona de todas essas características, Barcelos é uma cidade intensa, onde cada descoberta é sempre surpreendente.
19. Guaraqueçaba – PR
O litoral paranaense é tão movimentado quanto a costa dos outros dois estados que pertencem à região sul e fica ainda mais lotado durante o verão. Para fugir do agito, o destino mais conhecido é a Ilha do Mel, que tem acesso limitado.
Existe, porém, outro refúgio mágico que merece sua atenção entre as praias do Paraná. Estamos falando da cidade de Guaraqueçaba, que serve como porta de entrada para a Ilha de Superagui, reserva natural que é um pedaço do paraíso.
Fique alguns dias no município e participe das festas embaladas pelo ritmo do fandango. A população, formada por cerca de 8 mil habitantes, faz questão de acolher com hospitalidade a cada um dos visitantes, o que torna a experiência ainda mais marcante.
20. Barra de Santo Antônio – AL
Localizada no meio do caminho de quem viaja entre Maceió e Maragogi, dois principais destinos do litoral alagoano, Barra de Santo Antônio é uma cidade encantadora. Com pouco mais de dez mil habitantes, mantem o clima de vila de pescadores e fascina justamente pela atmosfera rústica.
Sua praia mais famosa é a praia de Carro Quebrado, mas é possível encontrar trechos litorâneos completamente desertos, perfeitos para quem quer se isolar do mundo. Uma sugestão: vá de barco até a Ilha da Croa, cercada por piscinas naturais que vão te conquistar em questão de segundos, especialmente se você gosta de mergulhar.